sexta-feira, 6 de abril de 2012

O eixo de Bia.

- Cara, você precisa entender: Eu sou o eixo.
- O quê?
- Eu sou o eixo.
- Que porra de eixo?
- O eixo de Bia!
- Quem é Bia?
- Você não entende... Bia é a composição do meu não-eu onírico.
- Cara, você está bem?
- A questão não é estar bem.
- Qual é a questão?
- É saber se o bem tem uma trajetória fixa.
- E tem?
- Só quando envolve problemas matemáticos.
- Ah, vá se FODER!
- Ainda não tenho permissão para sair daqui.
- Não?
- Não. Eu sou o eixo de Bia e sua órbita é imutável, eterna e irredutível. Ela orbita o meu não-ser. 
- Me desculpe, mas isso tudo não tem sentido.
- Você precisa prestar atenção aos segundos. Compreende? Você precisa sair do passado.
- Mas não estou no passado.
- Os segundos passam...
- Bem, quer dizer que todos vivemos no passado?
- Veja você: Nós não vivemos em estado algum. O passado é o acumulo de imagens que caminha para o seu poço transbordante de vazio interior. O presente é o acompanhamento dos segundos que transitam e também convergem ao poço. O futuro não pode ser provado. Não tem consistência.
- Quer dizer que... Não existimos de fato?
- Eu não posso afirmar nada de concreto sendo abstrato. Eu sou o eixo de Bia.
- Oh, cara...
- Tudo é transitório; você só se encontra ao deduzir que não existe.
- Estou começando a ficar com medo. Isto é existencialismo?
- Isto é atemporalismo.    
- O quê?
- O não-tempo presente no não-eu onírico.
- E quem comanda o não-eu onírico?
- A convergência de todo o passado de memórias que constituem o espaço/tempo.
- Você tem um cigarro?
- Claro!
- Obrigado...
- O passado é a composição de todo o universo. Você precisa entender que o vazio é o passado. Quando você entender isto, entenderá o eixo de Bia.
- O passado é infinito, portanto?
- Como?
- O passado é infinito?
- Há uma possibilidade.
- Me explica.
- Bem, para existir o infinito, é necessário que exista o nada.
- Mas e o vazio, não é o nada?
- Ainda temos o eixo.
- Entendo... Quer dizer que se o nada existi, podemos corroborar nossa dedução de que não existimos.
- Pode-se partir deste pressuposto.
- O que acha disso?
- Como?
- O que você pensa a respeito?
- Eu sou o eixo de Bia. Somente o eixo-de-Bia.
- Mas não deixa de ser alguma coisa.
- O que é o nada?
- Aquilo que existe para a não-razão? Há, há, há, há, há.
- E como a não-razão pode ser alcançada?
- Você deu um nome...
- Atemporalismo?
- Isto!
- Não, não... O atemporalismo é independente. Estamos falando de dependentes. Estamos falando em ALCANÇAR.
- E como alcançar?
- É fácil. Olhe ao seu redor e me diz o que vê.
- Cara, não consigo ver nada. Está tudo branco.
- Bingo! 

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