quinta-feira, 17 de julho de 2014

Rio Preto, foi um prazer

estamos entregues ao destino,
ao fim trágico da gasolina, 
à pachorra da embriaguez, 
mas ainda temos o final de tudo e estamos exultantes
à ventura por caminhos longínquos, 
como nômades incompreendidos,
procurando fazer com que o fim 
se atrase, 
como nos atrasaremos amanhã,
porque estamos quentes como
o café que já sinto queimando minha garganta
e reavivando minha memória,
pois os momentos foram gravados a fogo
no calor de sorrisos saborosos
e açucarados,
vermelhos de batom de lábios que não esqueço,
ao som de sirenes alucinantes
e cantos românticos de gatos sobre telhados sujos
e lodosos...
somos os mesmos de ontem a noite?
quando postes acesos amarelos e neons de lojas obscuras
me pareceram encantadores,
e o escuro e as sombras das árvores em sua dança
performática ao som do vento sibilante
e o cheiro do aperto me faziam entender
que a velocidade com que a vida nos levava aquele
momento de liberdade e volúpia era a mesma com que
nos trazia outros tantos, aos passos de nosso devir gracioso...
temos ainda um dia talvez,
tenho fome e medo e
a lua congela nossas cabeças protegidas pela
lataria rosa retrô da Miss Piggy que nos coloca em constante
alvoroço conquistador, mesmo sabendo
que a despedida é próxima ao fim
da rua e o começo da semana já é amanhã,
quando vou embora e
a saudade dói desde aqui e
o cheiro etílico é tudo por um momento e todo
o silêncio é mais que confortante,
é quase o deleite do vinho e
estamos exultantes o suficiente para nos conformarmos
com as expressões serenas de cada um,
pois somos o começo de alguma coisa,
somos o fim de uma noite inebriante,
mas agora os motores gritam com desespero,
imploram que a porta se feche e
que nos separemos por hoje,
e que a noite dê lugar ao dia
e que os supermercados abram as portas e o taxista leve o turista,
e ninguém consegue me explicar
o que houve,
como tudo é simplesmente intenso quando estamos elevados
aos cumes mais altos,
aos píncaros do bem estar,
ninguém consegue dizer se temos para onde ir
e por que a porta se fecha sem nem mesmo ranger e
a despedida é necessária,
e essa voz que diz morar ali
e a combustão queimando indicando que não temos alternativa,
então adeus,
quer dizer,
até breve, é claro (durma um pouco) -
aqui você tem uma paisagem fantástica, e as fotos não poderiam
ser outra coisa senão fabulosas; então durma bem,
pois precisamos me deixar em casa porque estou de visita
e queria dizer que fui maravilhosamente recepcionado
e eu preciso de um sono sem sonhos,
quero esse dia como aquele que
me mostrou ser fácil atingir as alturas
e sentir o vento e saber que é possível sentir-se feliz,
desde que saibamos ser
suficientes para o mundo e para nós mesmos.

Um beijo Lamana,
Te espero no futuro...
veja!
o amanhã
se chama assim.

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