quarta-feira, 30 de julho de 2014

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os pessimistas dizem não acreditar mais em literaturas; acreditam não haver mais esperança ou necessidade; deleitam-se com as livrarias cheias de livros empoeirados – "esperanças", necessidades", "livrarias"... que réprobos insensatos! dizem que tudo já foi dito, que não há mais aquela efervescência dos seus, que o mundo já foi um lugar propício para determinadas artes; dizem tudo que um cérebro cansado e senil deseja dizer: que isso e aquilo e aquilo lá, “trás o papel, eu assino, confirmo, tudo está morto”… seguram com as duas mãos o leme em direção ao fim de suas vidas de críticos enferrujados e medíocres, míopes. não conseguem sequer ler um romance contemporâneo inteiro, estão amarrados aos defuntos do passado, às ficções do passado, às suas avós mortas. erguem a voz, gritam que acabou, “oh meu deus, acabou, é o fim! abandonai a pena, jovens e imprestáveis escritores da modernidade”. mas afirmo o contrário, vejo o contrário. tem muitos escritores que provam o contrário. mas eles são preguiçosos. fazem-nos crer que leram tudo o que o mundo já escreveu de maravilhoso e assumem a postura de profetas maliciosos gritando que "agora não é possível fazer mais nada de relevante"... gritemos em represália, pois: "pessimistas, céticos, enfermos". se leram tudo, se esta humanidade não é capaz de produzir mais nada que presta, com certeza esqueceram de enterrar você com os defuntos do passado – este mundo não é mais saudável para homens com a sua índole. este não é o seu lugar. a caveira de Dickens te espera no Poets' Corner, oh grande apreciador dos doutos decompostos. leve com você sua coleção do Machado de Assis, tenho as minhas aqui.

*óbvio que é difícil encontrar coisas boas na atualidade: nossas editoras preferem os estrangeiros.

voltemos aos fanzines!

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