Você tem um dia.
Dois pássaros grandes
Um guarda chuva quebrado
Setenta e dois relógios pifados
Uma mulher gorda
Dois sapatos furados
Duas calças surradas
7 litros vazios de Jose Cuervo.
Seu pai morreu
Sua mãe tem dois maridos
Sua filha sofre de obesidade mórbida
Sua barba está por fazer
Sua boca está rançosa
Cristina tem um carro confortável
Uma casa de dois andares
E mora ao lado da sua casa
Cristina é divorciada
Tem uma filha pequena
Um par de seios maduros e firmes
Usa saias curtas e é loira
Você sofre de alcoolismo
E faz bicos para sobreviver
Sua vizinha te chama para consertar a pia
Você conserta-a piamente e ela te beija
Você é um bêbado
Sua mulher maníaca é horrenda
Você cede à vizinha
Ela faz movimentos repetitivos
E te olha furtiva
Você estremece e explodi dentro dela
Seu cachorro late
Seu gato sobe no muro
Sua mulher abre a porta
A faca dela ainda pinga o sangue da carne de porco
Você, trêmulo, grita.
A vizinha corre para o banheiro
Você tem um olho cego
E uma mochila do exercito
A mão da sua mulher ainda tem o sabão da louça
A faca acerta seu peito
O lençol branco fora lentamente ganhando nova cor
O vermelho assumiu
Você tem uma mulher maníaca
E uma vizinha no banheiro
E sangue na cama
O gato agora está no telhado
E o cachorro ainda late
A ponta afiada da faca atinge sua barriga
Sua filha chega da escola
O feijão ainda cozinha
Você sente o sangue morno sair pela sua boca
E misturar-se ao bafo de coquetel
Feito com gim e com vermute branco
A maníaca afastou-se
Você só tem um dia
E setenta e dois relógios pifados
A vizinha abriu a porta
Verificou se a pia estava realmente consertada
Aliviou-se.
Você a desejou mesmo morto e pintado de sangue e então,
Seu olho que funcionava se fechou trazendo emaranhados de cores:
Preto, cinza, amarelo, vermelho, vermelho, roxo, azul, verde. Verde.
Preto.
Preto.
Preto. Preto.
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